Japão protesta contra China após caças serem travados por radar perto de Okinawa

0
28

O Ministério da Defesa do Japão acusou a China, no sábado (6/12), de apontar o radar de controle de tiro de dois caças contra aeronaves japonesas que monitoravam um exercício chinês no Pacífico, nas proximidades das ilhas de Okinawa.

Segundo autoridades ouvidas pela agência Kyodo News, os pilotos japoneses mantinham distância considerada segura e não realizaram manobras que pudessem ser vistas como provocação. Ainda assim, o ministro da Defesa, Shinjiro Koizumi, classificou a ação chinesa como “além do necessário para um voo seguro” e informou, pelas redes sociais, que Tóquio apresentou protesto formal a Pequim. Não houve danos a tripulantes ou aeronaves.

Incidente no ar

Apontar um radar de controle de disparo é interpretado como gesto de hostilidade, pois indica possível lançamento de mísseis e pode obrigar o alvo a manobrar imediatamente. De acordo com o governo japonês, dois caças chineses decolados do porta-aviões Liaoning — que navegava em águas internacionais ao sudeste de Okinawa acompanhado de três destróieres lança-mísseis — travaram mira nos jatos japoneses.

Versão de Pequim

A China negou a acusação. Um porta-voz da Marinha declarou que aeronaves japonesas se aproximaram repetidas vezes e atrapalharam um treinamento anunciado previamente, realizado a leste do Estreito de Miyako. “Exigimos que o lado japonês pare de difamar a China e contenha suas ações na linha de frente”, afirmou o representante, acrescentando que Pequim adotará “medidas necessárias” para proteger sua segurança e interesses.

Repercussão diplomática

Koizumi comentou o episódio em Tóquio, durante encontro com o ministro da Defesa da Austrália, Richard Marles. O japonês prometeu responder “de forma resoluta e calma” para manter a estabilidade regional. Marles expressou “profunda preocupação” e assegurou que seu país continuará cooperando com o Japão em defesa de uma ordem baseada em regras.

Contexto de tensão

As relações entre Tóquio e Pequim se deterioraram depois que a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, alertou que o Japão reagiria a qualquer ação militar chinesa contra Taiwan que ameaçasse a segurança japonesa. Desde então, a China impôs restrições econômicas e culturais ao vizinho, como alertas de viagem, veto a frutos-do-mar e suspensão de licenças para filmes e shows japoneses.

Pequim reivindica a ilha democrática de Taiwan e tem ampliado pressão militar e política; o território fica a 110 km da ilha japonesa de Yonaguni. Na quinta-feira anterior ao incidente, mais de 100 embarcações da Marinha e da Guarda Costeira chinesas atuavam simultaneamente no Leste Asiático, informou a Reuters com base em fontes de inteligência.

Taiwan classificou o aumento de atividades como ameaça ao Indo-Pacífico. O Japão, que abriga a maior concentração de forças norte-americanas fora dos EUA — incluindo navios de guerra, aeronaves e milhares de fuzileiros em Okinawa —, declarou que monitora de perto os movimentos chineses.

Em novembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em telefonema com Takaichi, pediu que o Japão evitasse escalar o confronto com a China. Dias antes, segundo a agência Xinhua, o líder chinês Xi Jinping dissera a Trump que Taiwan deve “retornar à esfera de influência chinesa”.

O governo japonês não detalhou quais contramedidas adotará em relação ao radar travado, mas reafirmou que manterá vigilância na região.

Com informações de Metrópoles

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here