Federação dos trabalhadores dos Correios contesta ordem do TST para votar acordo coletivo

0
9

Brasília — O diretor jurídico da Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect), Marcos Santaguida, criticou nesta quarta-feira (17.dez.2025) a decisão do vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, que determinou a realização de assembleias para submeter aos trabalhadores dos Correios a proposta de acordo coletivo costurada pela Corte.

Segundo Santaguida, que também preside o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), a proposta ignora o direito à atualização salarial. “É lamentável ver um ministro da maior Corte do trabalho do Brasil omitir numa proposta endereçada aos trabalhadores seu direito de atualização salarial”, afirmou ao Poder360.

Decisão do TST

No despacho, Caputo Bastos ordena que a Findect e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) divulguem, em até 24 horas, a íntegra do texto elaborado na audiência de conciliação e convoquem assembleias para deliberar sobre o conteúdo.

A proposta inclui:

  • renovação de 79 cláusulas do acordo coletivo, excetuando alguns itens relativos ao vale-alimentação;
  • recomposição salarial de 5,13% a partir de janeiro de 2026, com pagamento previsto para abril do mesmo ano;
  • vigência do novo acordo por dois anos.

O magistrado marcou para 26 de dezembro de 2025, às 14h, a audiência de assinatura do acordo caso o texto seja aprovado pelos trabalhadores.

Greve em vários Estados

Apesar da mediação, sindicatos de grandes bases dos Correios deflagraram greve geral por tempo indeterminado na terça-feira (16.dez). A paralisação atinge, ao menos, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba. Em São Paulo, a categoria decidiu pela greve mesmo sem o aval da direção local.

Também aderiram à paralisação as unidades do Vale do Paraíba (SP), Campinas (SP), Santos (SP) e Londrina (PR). As decisões ocorreram após assembleias que rejeitaram a falta de consenso nas negociações do acordo coletivo.

Situação financeira da empresa

Os Correios acumularam prejuízo de R$ 6,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e implementam um plano de reestruturação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou aporte direto do Tesouro e afirmou que avalia empréstimo de até R$ 12 bilhões, originado de um consórcio formado por Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil. A taxa máxima de juros ficaria em 120% do CDI.

Em 9 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou decreto que permite a estatais não dependentes apresentarem plano de reequilíbrio econômico-financeiro para evitar reclassificação como dependentes do Tesouro.

As assembleias previstas pelo TST e a continuidade da greve devem definir os próximos passos das negociações entre trabalhadores e a direção da estatal.

Com informações de Poder360

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here