O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (4.dez.2025) a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2024-2034, durante a 6ª reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília. O documento estabelece meta de ampliar o aporte público e privado em pesquisa dos atuais 1,2% para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em dez anos.
Eixos e prioridades
Com o lema “CT&I para um Brasil Justo, Desenvolvido e Soberano”, a estratégia organiza-se em quatro eixos: expansão do sistema nacional, inovação empresarial, projetos de soberania em áreas críticas e desenvolvimento social. Sete setores considerados vulneráveis concentram a atenção do plano: semicondutores, minerais estratégicos, fertilizantes, fármacos, energia limpa, tecnologias digitais e mudanças climáticas.
Principais números
• 2% do PIB em pesquisa até 2034, ante 1,2% hoje;
• R$ 1 bilhão para repatriar cientistas em cinco anos (R$ 200 milhões por ano);
• R$ 92,8 milhões destinados ao modelo de linguagem OberanIA, desenvolvido no Piauí;
• R$ 180 bilhões já anunciados para a cadeia automotiva dentro do programa Nova Indústria Brasil.
Infraestrutura científica
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, detalhou projetos incluídos no novo PAC, como a expansão do acelerador de partículas Sirius, que ganhará três novas linhas de luz e será conectado ao NB4, primeiro laboratório brasileiro de máxima contenção biológica. Também avançam o Reator Multipropósito Brasileiro, em parceria com a Argentina, e o fortalecimento do Cemaden, que pretende ampliar o monitoramento de desastres de 1.058 para 1.913 municípios.
Inteligência artificial
O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial prevê oito Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia voltados a soluções para indústria, agricultura e saúde. Entre os destaques estão o supercomputador Santos Dumont, que voltou ao ranking dos 500 mais potentes do mundo, e o modelo de linguagem Maritaca, considerado o mais avançado em português.
Repatriação de pesquisadores
Segundo o ministério, mais de 2.500 cientistas manifestaram interesse em retornar ao país; 599 tiveram projetos aprovados, dos quais 248 estão aptos para convocação e 251 em fase de planejamento de retorno. Aproximadamente 34% das iniciativas envolvem redes com instituições nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Imagem: Internet
Defesa e tecnologia
O ministro da Defesa, José Múcio, reforçou a conexão entre tecnologia militar e desenvolvimento nacional, citando o Programa Nuclear da Marinha, o cargueiro K C-390 da Embraer com a Força Aérea Brasileira e projetos de defesa cibernética que incorporam inteligência artificial, computação quântica e materiais avançados.
Declarações
Lula criticou a baixa participação do setor privado em pesquisa. “O capital de risco tem medo de risco. Sabendo disso, o Estado tem que ser generoso e, às vezes, cumprir a parte que a iniciativa privada deveria fazer”, afirmou. O presidente também reiterou o compromisso do governo com a ciência “para varrer o negacionismo” e lembrou que o Brasil já possui 53% de energias renováveis, patamar que a União Europeia projeta apenas para 2050.
O texto aprovado por unanimidade no Conselho segue em consulta pública até 20 de dezembro.
Com informações de Poder360

