Ludhmila Hajjar critica projeto que cria exame obrigatório para médicos e pede avaliação durante o curso

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A cardiologista e professora da Universidade de São Paulo (USP) Ludhmila Hajjar declarou nesta terça-feira (2.dez.2025) ser contrária ao projeto de lei que propõe o Profimed – exame nacional de proficiência em medicina – como condição para registro profissional de recém-formados.

Segundo a médica, a iniciativa em análise na Comissão de Assuntos Sociais do Senado responsabiliza apenas os estudantes e estimula a criação de cursos preparatórios, sem cobrar qualidade das instituições de ensino. “Não posso só responsabilizar o aluno. Temos que responsabilizar a instituição”, afirmou ao Poder360.

Proposta em discussão

O texto, relatado pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), obriga formados em medicina a realizar o Profimed, exame que seria aplicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A votação em caráter terminativo está prevista para quarta-feira (3.dez). Caso aprovado, o projeto seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados.

Exame já existente

Hajjar destacou que o Ministério da Educação instituiu em 2025 o Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica), instrumento que, na visão dela, já cumpre o papel de medir a qualidade do ensino. Ela defende a regulamentação e o aperfeiçoamento desse modelo.

Para a professora, a avaliação deve ocorrer de forma progressiva: uma prova no quarto ano para barrar o avanço ao internato em caso de reprovação e outra no sexto ano, antes da conclusão do curso. “Só com avaliação ao longo da formação é possível medir competências clínicas, práticas e éticas”, disse.

Movimentação no Congresso

Organizações do setor educacional elaboram um texto alternativo, a ser apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), com a intenção de substituir o projeto original. Entidades como a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) e o Sindicato das IES Privadas do Rio de Janeiro (SemeRJ) são contrárias ao Profimed.

A presidente da Confenen, Elizabeth Guedes, argumenta que o novo exame “desorganiza a política pública” e ameaça acionar o Supremo Tribunal Federal caso o texto avance.

Posições divergentes

O relator Dr. Hiran defende o projeto como forma de proteger a sociedade diante da “proliferação desenfreada” de faculdades de medicina – quase 500, segundo ele, com cerca de 50 mil formandos por ano. Já o governo federal trabalha contra a proposta; o Ministério da Educação não quer abrir mão da avaliação dos cursos. Para o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, o Profimed é inconstitucional e “não aumenta a qualidade da prática médica”.

Com informações de Poder360

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