São Paulo (SP) – A caminho de 2026, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) acumula frentes de desgaste que vão da instalação de pedágios eletrônicos à privatização da Sabesp, além de episódios de corrupção e declarações polêmicas.
Disputa eleitoral
Tarcísio chegou a ser cotado para disputar a Presidência da República, mas a sinalização de que o senador Flávio Bolsonaro (PL) deve concorrer, por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reduziu essa possibilidade. Com isso, cresce a expectativa de que o governador busque a reeleição, ficando mais exposto aos problemas estaduais.
Pedágios “free flow”
Até o fim deste ano, o governo prevê a operação de 37 pórticos de cobrança automática por quilômetro rodado. A iniciativa vem sendo explorada pela oposição, que apelidou o chefe do Executivo de “Pedágio de Freitas”. Nas redes, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), e a deputada Tabata Amaral (PSB) acusam a medida de encarecer a circulação no estado. O Palácio dos Bandeirantes argumenta que o sistema garante “justiça tarifária”.
Privatização da Sabesp
A venda da companhia de saneamento é a principal vitrine de Tarcísio, mas também gera críticas. Em entrevista à TV Globo, o governador prometeu redução na tarifa de água após a operação. Entretanto, janeiro de 2026 começará com reajuste de 6,11%, índice que o governo atribui à correção inflacionária dos últimos 16 meses.
O líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Antonio Donato (PT), afirma que Tarcísio “enganou” os consumidores ao garantir tarifa mais baixa. O debate ocorre em meio ao nível mais baixo do Sistema Cantareira em quase uma década — pouco acima de 20% da capacidade. Por precaução, desde 27 de agosto, a Sabesp reduz a pressão da água das 19h às 5h em toda a Região Metropolitana; em algumas áreas, o corte equivale a racionamento.
Acusações de corrupção
Duas investigações inquietam o Palácio dos Bandeirantes. A primeira envolve fraude bilionária no ICMS praticada por auditores da Secretaria da Fazenda. O fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como principal operador, negocia delação premiada que descreve pagamento de R$ 1 bilhão em propina a beneficiários como Ultrafarma e Fastshop.
Em outra frente, documentos revelam que a atual cúpula da Secretaria da Agricultura, comandada por Guilherme Piai, atuou para encerrar apuração interna sobre supostas irregularidades em contratos de R$ 50 milhões do programa Melhor Caminho, firmados no governo Rodrigo Garcia (ex-PSDB).
Imagem: Internet
Paralelamente, opositores acusam aliados de Tarcísio de tentar restringir a atuação da Polícia Federal em investigações sobre a polícia paulista, por meio de proposta incluída no projeto de lei Antifacção apresentado pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP), ex-secretário da Segurança Pública.
Declarações polêmicas
O governador também coleciona falas que repercutiram negativamente. Durante crise de contaminação de bebidas por metanol, ele ironizou: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”. Após críticas, gravou vídeo pedindo desculpas às famílias das vítimas e a comerciantes afetados.
No 7 de Setembro, chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “ditador” e, novamente, precisou se retratar. Ainda em março de 2023, diante de mais de cem mortes decorrentes de ações policiais, afirmou: “Podem ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”. No fim do mesmo ano, recuou e reconheceu que as câmeras corporais representam fator de contenção para a polícia.
Perspectiva
Com o cenário nacional indicando candidatura de Flávio Bolsonaro e a eleição estadual à frente, adversários devem intensificar questionamentos sobre pedágios, saneamento, suspeitas de corrupção e falas controversas para minar o projeto de reeleição de Tarcísio de Freitas.
Com informações de Metrópoles

