O volume de novos canteiros de obras residenciais na China caiu 19,9% entre janeiro e novembro de 2025, para 392 milhões de metros quadrados, marcando o nível mais baixo dos últimos 20 anos, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas.
No mesmo período, as vendas de imóveis novos diminuíram 8,1% e somaram 658 milhões de metros quadrados. Com isso, para cada 100 m² comercializados, as incorporadoras lançaram apenas 59,5 m² — a menor proporção registrada desde, pelo menos, 2000.
A reversão confirma uma virada estrutural no mercado imobiliário, que deixou de priorizar a ampliação da oferta para focar na redução de dívidas e na eliminação de estoques.
Trajetória desde o boom imobiliário
Entre 1999 e 2014, a urbanização acelerada sustentou a construção de moradias acima das vendas, com a relação entre lançamentos e comercialização frequentemente acima de 110% e, em alguns momentos, chegando a 150%.
O primeiro ajuste veio em 2014, quando autoridades orientaram o setor a conter o excesso de oferta. A proporção ficou abaixo de 100% de 2015 a 2017, mas voltou a subir de 2018 a 2020.
O pico da construção ocorreu em 2019, quando o início de obras alcançou 1,675 bilhão de metros quadrados, superando as vendas de 1,501 bilhão de metros quadrados.
Impacto das “três linhas vermelhas”
Em agosto de 2020, o governo limitou o endividamento das incorporadoras por meio da política das “três linhas vermelhas”. Apesar de as vendas alcançarem recorde em 2021, os novos lançamentos caíram 11% naquele ano e a relação recuou para 93,5%.
A retração se aprofundou em 2022, com queda de quase 40% nos lançamentos (881 milhões de m²) e proporção de 76,9%. O movimento continuou em 2023 e 2024, chegando ao novo piso observado em 2025.
Imagem: Xinhua
Estimativas para 2025
Com base nos dados de 11 meses, o início de obras residenciais deve encerrar 2025 em torno de 430 milhões de metros quadrados — cerca de 74% abaixo do auge de 2019 e volume semelhante ao de 2003. Já as vendas devem ficar perto de 720 milhões de metros quadrados, 54% abaixo do pico de 2021.
Segundo Guo Zhen, chefe de análise imobiliária da GF Securities, a China alcançou em 15 anos um nível de construção per capita que levou de 25 a 30 anos em economias desenvolvidas. Para o analista, o equilíbrio de longo prazo deve situar as transações anuais entre 800 milhões e 850 milhões de metros quadrados.
Estoque elevado e perspectiva
Até novembro, o tempo médio para escoar imóveis novos em 100 cidades chinesas chegou a 27,4 meses, acima da faixa considerada saudável, de 12 a 14 meses, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento E-House China, de Xangai.
A liderança do governo central afirma que pretende estabilizar o setor com políticas específicas por cidade para controlar lançamentos, reduzir estoques e melhorar a qualidade das moradias. Executivos do ramo, entretanto, projetam que investimentos e obras continuarão em queda antes de preços e vendas se estabilizarem gradualmente.
Com informações de Poder360

