Defesa de Silvinei Vasques diz ao STF que bloqueios da PRF seguiram ordem de Anderson Torres

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A defesa de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), afirmou nesta terça-feira (9.dez.2025) aos ministros da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-chefe da corporação apenas cumpriu orientações do então ministro da Justiça Anderson Torres durante o segundo turno das eleições de 2022.

Em sustentação oral, o advogado Eduardo Pedro Nostrani negou que Vasques tenha determinado bloqueios em rodovias do Nordeste para prejudicar eleitores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, as operações foram baseadas em “dados técnicos”, como volume de acidentes e fluxo de veículos, e tinham o objetivo de garantir a segurança do pleito.

“O ministro da Justiça dá a ordem e a ordem tem que ser cumprida. Não se trata de ordem absurda, mas de orientação operacional”, declarou Nostrani, acrescentando que não cabia a Vasques avaliar eventuais impactos eleitorais da ação policial.

O defensor também criticou a investigação conduzida pela Polícia Federal (PF), dizendo que o órgão “não quis ouvir agentes da PRF” e que a imagem de Vasques “foi jogada na lama”. Anderson Torres, apontado pela PGR como responsável pela diretriz, foi condenado a 24 anos de prisão em outra ação que trata do chamado núcleo 1 da tentativa de golpe de 2022.

Reação de ministros

Após a manifestação da defesa, os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia ressaltaram que, no dia da votação de 30 de outubro de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não foi procurado pela PRF — fato citado pela defesa como tentativa de diálogo. Moraes recordou que determinou o fim imediato dos bloqueios naquele domingo.

Acusações da PGR

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Vasques integra o chamado “núcleo 2” de autoridades que teriam atuado para manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo apesar da derrota nas urnas. O grupo, diz a acusação, usou posições estratégicas no governo para elaborar medidas que iam da redação de minuta de golpe à interferência no processo eleitoral.

Além de Vasques, o núcleo inclui o delegado da PF Fernando de Sousa Oliveira; o ex-assessor presidencial Filipe Garcia Martins Pereira; o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara; a ex-diretora de Inteligência da PF Marília Ferreira de Alencar; e o general da reserva Mário Fernandes.

Para a PGR, Vasques e Marília Alencar direcionaram operações da PRF para dificultar a locomoção de eleitores no Nordeste, região em que Lula venceu com folga. A Procuradoria também aponta descumprimento deliberado de decisões do TSE.

O julgamento na 1ª Turma do STF continua sem data definida para conclusão.

Com informações de Poder360

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