Uma série de acontecimentos políticos movimentou Brasília na primeira semana de julho. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou nas redes sociais, na sexta-feira (5), que disputará a Presidência da República em 2026 como herdeiro do capital político do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão expôs fissuras na direita, provocou reação negativa no mercado financeiro e coincidiu com medida do Supremo Tribunal Federal (STF) para limitar pedidos de impeachment contra ministros da Corte.
Direita dividida e dilema para Tarcísio
A indicação de Flávio gerou ceticismo entre aliados. Jornalistas que participaram do programa de análise política apresentado por Ricardo Noblat apontaram que o senador tem menor carisma entre os filhos do ex-presidente, enfrenta alta rejeição e carrega investigações passadas que elevam seu “teto de vidro”.
O movimento também pressiona o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto por representantes do mercado e da centro-direita como alternativa mais competitiva. Com a preferência da família Bolsonaro por um nome “puro-sangue”, Tarcísio tende a concentrar esforços na própria reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
Analistas afirmam que a escolha facilita o caminho do presidente Lula (PT) para buscar um novo mandato, pois manteria a polarização, mas contra um adversário considerado menos popular que Jair Bolsonaro.
Faria Lima reage: dólar sobe e Bolsa cai
Investidores demonstraram desconfiança logo após o anúncio. A possibilidade de uma chapa liderada por Flávio, vista como menos previsível para a agenda econômica, levou à alta do dólar e à queda do Ibovespa, refletindo receio de volatilidade política e de possíveis retrocessos em reformas.
Eduardo Bolsonaro no Muro das Lamentações
Enquanto o irmão assumia protagonismo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi filmado diante do Muro das Lamentações, em Jerusalém. O gesto rendeu comentários de que o parlamentar buscava reforçar uma narrativa de perseguição judicial no Brasil.
Imagem: Internet
Alcolumbre elogia Lula em evento no Amapá
Também na semana, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) surpreendeu ao fazer um elogio público ao presidente durante agenda no Amapá. O aceno alimentou especulações sobre negociações envolvendo liberação de recursos e emendas, indicando pragmatismo nas relações Executivo-Legislativo.
STF limita pedidos de impeachment contra ministros
No Judiciário, o ministro Gilmar Mendes decidiu que somente a Procuradoria-Geral da República pode apresentar pedido de impeachment de ministros do STF. A medida foi interpretada como uma blindagem preventiva, diante do avanço de inquéritos que envolvem parlamentares ligados ao bolsonarismo. A decisão também é vista como tentativa de conter movimentos de retaliação no Congresso.
As movimentações políticas, a reação dos mercados e a mudança de regras no STF indicam que o segundo semestre deve começar com tensão elevada entre Planalto, Congresso e Judiciário.
Com informações de Metrópoles

