O governo do Canadá enviou um aviso de inadimplência à Stellantis depois que a montadora decidiu transferir a produção do Jeep Compass da fábrica de Brampton, na região metropolitana de Toronto, para Belvidere, no Estado de Illinois (EUA). A notificação foi encaminhada na quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, e sustenta que a empresa descumpriu cláusulas contratuais ligadas a incentivos públicos que somam centenas de milhões de dólares.
Em audiência no Parlamento na sexta-feira (5.dez.2025), a ministra da Indústria, Mélanie Joly, declarou que a Stellantis “está na responsabilidade” e prometeu agir em defesa dos trabalhadores e do setor automotivo nacional. Segundo a titular da pasta, manter esses empregos é “preservar a espinha dorsal da economia” canadense.
Benefícios públicos
O acordo original previa até 529 milhões de dólares canadenses (aproximadamente US$ 380 milhões) em empréstimos perdoáveis para modernizar Brampton, que passaria a montar versões a gasolina e elétricas do Compass. Desse total, cerca de 220 milhões de dólares canadenses já foram liberados. A notificação exige que a fabricante retome o cumprimento do contrato ou devolva os recursos recebidos.
Estratégia após diretriz de Trump
A Stellantis atribuiu a mudança de planos a uma estratégia de investimento de US$ 13 bilhões anunciada após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinar que montadoras ampliem a produção em solo norte-americano. A empresa, sediada na Europa e controladora de Chrysler, Dodge e Ram, não informou se outro modelo substituirá o Compass em Brampton. O futuro da planta e de aproximadamente 3 mil postos de trabalho permanece indefinido.
Representantes da montadora disseram a parlamentares que a suspensão em Brampton é apenas uma “pausa operacional” e que os funcionários seguem contratados. A companhia aceitou entregar os contratos à Comissão de Orçamentos do Parlamento, desde que os documentos permaneçam confidenciais.
Vínculo com fábrica de baterias
Mélanie Joly acrescentou que o apoio federal concedido à construção de uma fábrica de baterias da Stellantis em parceria com a LG Energy, em Windsor (Ontário), está condicionado à continuidade de operações produtivas na região de Toronto.
Imagem: Internet
Pressão tarifária
A disputa ocorre em meio às tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos a veículos montados no Canadá no início de 2025, taxa retaliada por Ottawa. Após o anúncio da transferência do Compass, o governo canadense reduziu pela metade o limite de veículos da Stellantis que podem entrar no país sem pagar a tarifa.
Impacto no setor automotivo
O segmento vive outras pressões: a General Motors encerrou a produção de vans elétricas em Ontário por vendas abaixo das projeções e cogita eliminar um turno da linha de picapes em Oshawa, medida que pode atingir até 2 mil trabalhadores. Em resposta, o governo de Ottawa diminuiu em 24% a cota de importação sem tarifa para veículos da GM.
Com informações de Poder360

