O Vaticano publicou um decreto que redefine orientações sobre a vida sexual dos 1,4 bilhão de fiéis da Igreja Católica. O texto, aprovado pelo papa Leão XIV e assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, afirma que o ato sexual não se limita à procriação e deve fortalecer a união exclusiva entre marido e mulher.
A diretriz, apresentada em italiano no site oficial da Santa Sé, sustenta que a relação íntima no casamento tem “finalidade unitiva”, destinada a enriquecer o vínculo conjugal e o sentimento de pertencimento mútuo. O documento também faz defesa explícita da monogamia, considerada essencial para que cada cônjuge seja reconhecido como pessoa, e não como objeto.
Resposta à poligamia e à busca excessiva por sexo
Um dos principais motivadores da nota doutrinal é a prática da poligamia em países africanos, região que apresenta o crescimento mais rápido no número de católicos. Segundo o texto, a monogamia garante o desenvolvimento pleno da sexualidade dentro do compromisso matrimonial.
O decreto também alerta para problemas ligados à “busca excessiva e descontrolada” pelo sexo em contextos marcados pelo individualismo consumista. De acordo com o documento, a negação da dimensão afetiva e da abertura à vida pode reduzir a intimidade a mero consumo, enfraquecendo diálogo, cooperação e troca emocional entre os cônjuges.
Caridade conjugal e abertura à vida
A chamada caridade conjugal é descrita como amor sobrenatural que eleva o matrimônio. Embora ressalte a importância da fecundidade, o texto esclarece que cada ato sexual não precisa ter como objetivo direto a procriação, desde que o casal permaneça aberto à vida.
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Nesse contexto, o decreto destaca três situações:
- casais impossibilitados biologicamente de ter filhos;
- casais que não procuram deliberadamente a relação sexual com finalidade reprodutiva;
- uso dos períodos naturais de infertilidade para planejar a família, podendo reforçar afeto e fidelidade.
Além de referências a documentos magisteriais, o texto cita autores como Pablo Neruda, Eugenio Montale e reflexões de Kierkegaard sobre o matrimônio, contrastando com orientações dos séculos XVI e XVII, que recomendavam maior contenção sexual entre esposos.
Com informações de Metrópoles

