O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, defendeu nesta terça-feira (9.dez.2025) que dirigentes partidários criem mecanismos próprios de triagem para evitar a infiltração do crime organizado na política. O apelo foi feito durante depoimento à CPI do Crime Organizado, no Senado, em Brasília.
Lewandowski afirmou que “apenas a repressão policial e os cuidados da Justiça Eleitoral não são suficientes”. Para o ministro, cabe aos presidentes de partidos verificar a origem de candidatos e doações a fim de impedir a entrada de organizações criminosas nas estruturas do Estado.
Fenômeno “absolutamente novo”
Segundo o titular da Justiça, o país enfrenta um cenário inédito, no qual facções deixam de atuar somente em mercados ilícitos tradicionais — como tráfico de drogas e roubos — e passam a operar em setores formais da economia. “O crime está se infiltrando no setor de combustíveis, da coleta de lixo, da construção civil, de streaming e até no setor político”, disse.
Ele citou a última eleição municipal como exemplo de cooperação entre governo federal e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conter interferências ilegais.
Tensão entre senadores
Relator da CPI, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) declarou que o crime organizado “também ocupa gabinetes e escritórios em Brasília”, mencionando suposto lobby, atuação de bancos de apostas (bets) e investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A fala provocou reação do senador Marcos do Val (Podemos-ES), que considerou a declaração generalizante. Vieira manteve a posição, dizendo que campanhas financiadas por recursos ilícitos ligam parlamentares a organizações criminosas.
Fiscalização de recursos eleitorais
Lewandowski avaliou que o país já possui “corpo normativo robusto”, mas ainda enfrenta dificuldades para aplicar as regras. Ele apontou falhas no controle de verbas do fundo partidário e do fundo eleitoral e sugeriu a criação de um órgão específico para fiscalizar esses recursos.
Cooperação internacional
O ministro destacou a assinatura de 12 acordos de cooperação internacional em 2025 e a entrada do Brasil na Europol como o terceiro país fora da Europa a integrar a rede. Para ele, o combate ao crime organizado exige ação coordenada “local, nacional e internacional”, já que as facções migraram do mundo físico para o digital e ultrapassaram fronteiras.
Lewandowski encerrou dizendo que todas as instituições — partidos, Judiciário, Executivo e Legislativo — precisam atuar de forma integrada para enfrentar o avanço das organizações criminosas sobre a economia, o espaço digital e a política.
Com informações de Poder360
