O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 3 de dezembro de 2025, que o Brasil precisa manter a mesma postura diplomática com países vizinhos e com os Estados Unidos. “Quando você tem uma pessoa que fala grosso com a Bolívia, mas fala fino com os Estados Unidos, não dá certo. Você tem que ser educado com a Bolívia e educado com o grande”, declarou.
A fala ocorreu durante a inauguração do Polo Automotivo da General Motors, em Horizonte (CE), empreendimento que marca o início da produção nacional de veículos elétricos.
Conversa com Trump
O pronunciamento veio um dia após uma ligação telefônica de 40 minutos entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump (Partido Republicano). No contato, o chefe do Executivo brasileiro pediu apoio dos EUA para localizar brasileiros ligados a facções criminosas que vivem em território norte-americano e informou ter enviado documentação sobre o tema a Washington.
Alckmin à frente das negociações
Lula destacou que escolheu o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para liderar tratativas comerciais com os Estados Unidos por considerar o vice alguém “que não gosta de brigar” e “respeita todo mundo”. Segundo ele, Alckmin foi designado logo após Trump ameaçar impor tarifas a produtos brasileiros.
Reindustrialização
No evento da GM, o presidente relacionou a postura diplomática à estratégia de reindustrialização. Ele lembrou que, em 2010, o país produziu 3,6 milhões de veículos e estabeleceu meta de 6 milhões para 2015, mas que, ao reassumir o Planalto em 2023, encontrou a produção reduzida a 1,6 milhão. Para Lula, a recuperação depende da expansão do mercado interno e do fortalecimento das exportações, pilares do programa Nova Indústria Brasil.
Cenário regional
O comentário sobre “falar grosso” ocorre em meio à maior tensão militar no Caribe em décadas. Na terça-feira (2.dez), Trump anunciou que operações terrestres na Venezuela começarão “em breve”, justificando-as como combate ao narcotráfico. Caracas vê as ações como cerco ao governo de Nicolás Maduro, com reflexos nas rotas criminosas.
Apesar do clima tenso, Brasília mantém relações diplomáticas com a Venezuela, ainda que marcadas por atritos desde a eleição presidencial contestada em julho. Lula argumenta que o Brasil não deve adotar posturas de subalternidade enquanto busca diálogo com potências.
A Bolívia também foi citada pelo presidente. O país atravessa transição política após a posse, em novembro, de Rodrigo Paz Pereira (Partido Democrata Cristão), que venceu o segundo turno com 54,6% dos votos. Alckmin representou o Brasil na cerimônia, sinalizando interesse em manter relações estáveis com La Paz, detentora de reservas estratégicas de lítio e gás natural.
Para Lula, uma diplomacia “educada” com parceiros regionais e potências globais cria ambiente favorável a investimentos e facilita a assinatura de acordos comerciais.
Com informações de Poder360
