O advogado-geral da União, Jorge Messias, encaminhou nesta quarta-feira (3.dez.2025) uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal solicitando que o ministro Gilmar Mendes volte atrás na decisão que reservou ao procurador-geral da República a iniciativa de pedidos de impeachment contra integrantes da Corte.
No documento, a AGU requer que a medida cautelar seja suspensa até o julgamento definitivo das ações sobre o tema, agendado para o plenário virtual do STF em 12 de dezembro. A pasta argumenta que a Constituição não restringe ao chefe do Ministério Público a abertura de processos de impedimento de ministros.
“Não se pode extrair do texto constitucional que apenas o procurador-geral da República possa deflagrar processo de impeachment contra ministro do Supremo”, afirma o parecer, assinado por Messias. De acordo com a AGU, aceitar a tese equivaleria a transformar o tribunal em “legislador substitutivo”.
Messias foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 20 de novembro para ocupar uma vaga no próprio STF. Enquanto busca apoio no Senado para sua sabatina, o advogado-geral sustenta que a legislação atual já exige quórum de ⅔ dos senadores para julgar crimes de responsabilidade, preservando o controle democrático desses processos.
Decisão contestada
Na decisão de 3 de dezembro, Gilmar Mendes determinou que somente o PGR pode solicitar impeachment de ministros e elevou de maioria simples para ⅔ dos votos o quórum necessário para abrir o processo no Senado. O despacho atendeu a ações apresentadas pelo partido Solidariedade e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que questionam dispositivos da Lei do Impeachment de 1950.
O ministro argumentou que restringir a iniciativa ao procurador-geral evita “representações guiadas por interesses político-partidários” e protege a independência do Judiciário. Ainda cabe referendo do plenário do Supremo, previsto para começar em 12 de dezembro.
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A medida ocorre em meio a diversos pedidos de impeachment apresentados por parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra ministros do STF, sobretudo Alexandre de Moraes.
Se o plenário confirmar a liminar de Gilmar, apenas o Ministério Público poderá provocar o Senado a abrir processo de impedimento contra magistrados da Corte, e a análise inicial dependerá do apoio de pelo menos 54 dos 81 senadores.
Com informações de Poder360
