O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quinta-feira (18.dez.2025) o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços de Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil-MA).
De acordo com a Polícia Federal, Gaspar integra o núcleo político-institucional de um esquema que teria desviado valores bilionários de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O grupo é apontado como liderado pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
Ligação política
O inquérito registra que Gaspar ocupou cargos comissionados tanto no Ministério das Comunicações quanto no gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA). Os investigadores afirmam que o ex-assessor utilizava esse trânsito institucional para facilitar negociações fraudulentas em benefício de Antônio Camilo.
Planilhas apreendidas pela PF indicam o repasse de R$ 100 mil em propinas ao ex-assessor, identificado pelo apelido “Gasparzinho”. Também foram encontrados diálogos entre Gaspar e Rubens Costa, funcionário de Camilo, que tratavam da criação de empresas e da atuação do contador Alexandre Caetano, apontado como participante do esquema.
Ex-ministro citado
Juscelino Filho comandou as Comunicações de janeiro de 2023 a abril de 2025 e deixou o cargo após virar alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República sobre desvio de emendas parlamentares. Ele não é alvo das medidas determinadas nesta fase da operação; seu nome aparece nos autos apenas por vínculos institucionais com Gaspar. Procurado pela reportagem, o deputado não se manifestou até a publicação.
Operação Sem Desconto
As buscas integram nova etapa da Operação Sem Desconto, conduzida em conjunto pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que investiga descontos associativos aplicados sem autorização em benefícios do INSS.
Entre os alvos desta fase estão:
- Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo no Senado – busca e apreensão;
- Adroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência – prisão domiciliar;
- Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Camilo – prisão;
- Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis – prisão preventiva.
A investigação foi deflagrada originalmente em 23 de abril e apura irregularidades em descontos de mensalidades associativas feitos sem consentimento dos beneficiários. A repercussão levou à saída do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que atribuiu o início das fraudes ao governo anterior.
As apurações continuam sob sigilo no STF.
Com informações de Poder360
