Brasília, 4.dez.2025 – Depoimento obtido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS indica que Fábio Luís Lula da Silva, 50 anos, teria recebido cerca de R$ 25 milhões e uma “mesada” aproximada de R$ 300 mil do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, preso em 12.set.2025 por suspeita de fraudes na Previdência.
A informação foi prestada em 29.out.2025 à Polícia Federal por Edson Claro, ex-funcionário de Antunes. Segundo o relato, Lulinha – como o filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é conhecido – também mantinha sociedade com o empresário e viajou com ele para Portugal.
Empresa sob investigação
No depoimento, Claro citou possível ligação dos dois com a World Cannabis, nome fantasia da Camilo Comércio e Serviços S/A (CNPJ 50.442.926/0001-05), sediada em Águas Claras, no Distrito Federal. Formalmente destinada à venda de cannabis medicinal produzida em Portugal, a companhia é apontada pela PF como instrumento de lavagem de dinheiro obtido em descontos associativos fraudulentos contra beneficiários do INSS.
Documentos financeiros
A CPMI recebeu o Relatório de Inteligência Financeira n.º 133.609, do Coaf, que detalha movimentações do secretário nacional de Ciência e Tecnologia da Informação do PT, Ricardo Bimbo Troccolli. Sua empresa, Datacore Informática, recebeu R$ 11,1 milhões de firmas ligadas ao esquema e quitou boleto de R$ 10.354,60 emitido por João Muniz Leite, ex-contador de Lula e de Lulinha.
Citações em mensagens
Conversas via WhatsApp reunidas pela PF mostram preocupação de envolvidos sobre eventual exposição do vínculo entre Lulinha e Antunes nos negócios da World Cannabis. Há ainda menções a encontros, ingressos para shows e comentários de que “vão tentar jogar o Fábio dentro disso”.
Relação com Roberta Luchsinger
As apurações apontam atuação conjunta de Antunes e da empresária Roberta Moreira Luchsinger para “esquentar” recursos levantados no esquema. Relatórios revelam repasse superior a R$ 1 milhão do Careca do INSS à empresária. Registros de companhias aéreas mostram que Roberta e Lulinha viajaram juntos em seis ocasiões entre jun.2024 e jun.2025, incluindo trechos Guarulhos–Lisboa (13.jun.2024) e voos Brasília–Congonhas.
Resistência à oitiva
Em 2.out.2025, governistas barraram a convocação de Edson Claro à CPMI. Mesmo assim, seu depoimento tornou-se acessível a parte dos integrantes da comissão, que avaliam novos pedidos de esclarecimento.
Imagem: Internet
Divisão na PF
Investigadores divergem sobre dar andamento rápido ou cauteloso às suspeitas envolvendo o filho do presidente. Até o momento, não há provas conclusivas de participação de Lulinha no esquema de descontos fraudulentos, predominando a interpretação de que os indícios ainda são frágeis.
Outro lado
Procurado, o ex-advogado e amigo de Fábio Luís, Marco Aurélio Carvalho, classificou as acusações como “pirotécnicas e improváveis”. Roberta Luchsinger, por meio de nota, afirmou nunca ter participado de irregularidades no INSS; disse atuar apenas na prospecção de negócios no setor de canabidiol e confirmou relação pessoal com Lulinha. O advogado de Antunes declarou não ter acesso aos autos e, por isso, não comentou. A reportagem não recebeu resposta da assessoria de Ricardo Bimbo. Edson Claro e João Muniz Leite não foram localizados.
As investigações continuam na CPMI e na Polícia Federal.
Com informações de Poder360

