Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, demonstraram que 168 substâncias químicas presentes no dia a dia podem atrapalhar o crescimento de bactérias consideradas benéficas para o intestino humano. O trabalho, publicado na revista Nature Microbiology na última quarta-feira (26/12), também indica que parte desses compostos favorece a criação de resistência a antibióticos.
Para chegar ao resultado, a equipe avaliou 1.076 contaminantes químicos sobre 22 espécies de bactérias da microbiota intestinal. Entre os fatores analisados, pesticidas – como herbicidas e inseticidas utilizados em lavouras – e substâncias industriais encontradas em retardantes de chama e plásticos foram os que mais interromperam o crescimento microbiano.
Ausência de testes em humanos
Segundo os autores, como esses produtos não são desenvolvidos para uso direto em pessoas, os testes de segurança geralmente não consideram impactos no organismo humano. “Muitos produtos químicos projetados para agir apenas em insetos ou fungos também afetam as bactérias intestinais”, afirmou a principal autora, Indra Roux, da Unidade de Toxicologia de Cambridge.
A pesquisadora ressaltou que os cientistas ficaram surpresos com a intensidade dos efeitos detectados. “Diversos retardantes de chama e plastificantes, com os quais temos contato regular, não eram tidos como nocivos a organismos vivos, mas demonstraram impacto significativo”, explicou.
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A microbiota intestinal reúne cerca de 4,5 mil tipos de bactérias responsáveis por funções ligadas à digestão, ao controle de peso, ao sistema imunológico e à saúde mental. Desequilíbrios nesse ecossistema aumentam o risco de diversos problemas de saúde.
Os autores sugerem que os compostos analisados passem a integrar protocolos de avaliação que levem em conta a saúde intestinal. Eles alertam, porém, que novos estudos são necessários para verificar os efeitos em condições reais de exposição fora do ambiente de laboratório.
Com informações de Metrópoles

